Tipos de Depressão
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AS DEPRESSÕES SEVERAS (CRÔNICAS) E AS AGUDAS (SITUACIONAIS)
Uma depressão severa e crônica (desenvolvidas ao longo dos anos por acúmulo de quantum de afeto) impõe ao indivíduo um estado patológico de dependência emocional das provisões narcísicas. − A cronicidade vai sendo desenvolvida quando lhe faltam as provisões vitais, após uma sequência de depressões situacionais ou pela perda total de provisão. − Já as depressões agudas, situacionais e passageiras, podem anteceder a um quadro mais grave de melancolia e tristeza, sendo decorrentes de traumas psíquicos eventuais, sem que o indivíduo possua uma capacidade adequada de elaboração. − A psiquiatria moderna acredita que um primeiro estado de depressão aguda estabelece uma possibilidade de 30%, perante futuras frustrações de ocorrer uma segunda depressão. − Após a segunda, a probabilidade é de 50% de novas frustrações produzirem uma terceira depressão e, após esta, é de 70%, e a partir daí se instalam as depressões crônicas. − Somente a mudança da percepção de vida, para a obtenção da felicidade, através daquilo que é real, pelo desenvolvimento das necessidades de autorrealização empática, poderá cortar este ciclo depressivo. Por isso, se torna necessário desenvolver no consultório um intenso trabalho de individuação com os deprimidos.
ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DA DEPRESSÃO ASSOCIADAS AOS SINTOMAS NEURÓTICOS
Como já vimos, os estados de carência momentânea de provisão narcísica (segurança/reconhecimento) são modelos que desencadeiam as “depressões agudas”. − Há, entretanto, estados transitórios entre as depressões agudas, passageiras e as depressões mais graves, patológicas, ou seja, aquelas que produzem o isolamento e a alienação do indivíduo perante a realidade da vida. − Nas depressões prolongadas, todos os indivíduos tendem a ficar apáticos, morosos, lentos, desinteressados. − Nelas, as fixações a um estado passivo de realização alucinatória de desejos (fantasias ligadas a situações prazerosas do passado) criam um estado psicológico no qual já não agem na busca de provisão externa para suprir a autoestima. − Assim, a vida real é substituída por uma existência intrapsíquica vegetativa, passiva, anobjetal (sem investimentos nos objetos), tal qual se vê nos estados psicóticos catatônicos (bipolar, euforia e depressão). − Muitas vezes, nas depressões associadas às neuroses dominam tentativas desesperadas de forçar o objeto eleito a dar as provisões vitalmente necessárias e a agressividade por não obtê-las. − Por outro lado, nos estados borderlines, a alienação da realidade mostra que se produziu, de fato, uma perda completa e verdadeira da vontade de lutar pela própria felicidade. − Nas psicoses e nos borderlines encontramos, muitas vezes, situação em que já nem há depressão, pois não há necessidade de provisões externas. − Mas existem, em alguns momentos, tentativas de novamente retornar à vida normal, visando apenas atender as exigências do superego, que cobra os padrões idealizados de felicidade (ideal de ego) – é nestes momentos que a depressão reaparece. − Nas depressões associadas às neuroses, também desempenham papel importante os sentimentos de culpa, mágoa, inferioridade e o medo de punição pelo superego acusador. − Já nas depressões associadas aos estados borderlines, onde a luta se trava em nível narcísico regredido, ainda permanece visível a ambivalência em relação aos objetos externos: buscar provisões fora, através dos outros ou desistir de buscá-las e entregar-se à alienação da vida (psicose) e não mais se sentir deprimido.
AS ORIGENS PSICOLÓGICAS E ENDÓGENAS (ORGÂNICAS) DA DEPRESSÃO
O que se presume é que os estados espontâneos de depressão crônica não tenham causa precipitante consciente, mas sim inconsciente (recalques); causa que terá escapado à atenção do próprio indivíduo. − Nas depressões patológicas existe uma diferença nítida entre a frustração situacional e aguda produzida por um acontecimento desagradável e o sintoma depressivo crônico desenvolvido. − E é frequente uma depressão severa, intensa e nitidamente psicótica seguir-se à morte de um cônjuge; e é frequente depressões claramente não psicóticas (ou até simples modificações do humor) ocorrerem, espontaneamente, sem que paciente ou observador possam designar trauma ou causa precipitante. − Segundo Freud, nas depressões de qualquer ordem sempre haverá uma sobredeterminação (soma) de causas externas precipitantes e de causas internas predisponentes e endógenas (hereditárias). − Assim, a constituição hereditária e a existência do desagradável (afetos), como fatores etiológicos, também neste particular formam uma série complementar.
DEPRESSÃO Definição: A depressão é uma afecção psicológica vinculada a perda de autoestima e pode ser caracterizada com origens bem distintas. ALGUNS TIPOS E SUAS ORIGENS: Tipo 1 – Depressão aguda (situacional: não é o padrão do individuo) Decorrente da desarmonia momentânea da autoestima de um individuo pela perda de provisão narcísica (segurança e reconhecimento), diante de situações eventuais, pontuais desagradáveis, como separação, morte de entes queridos, perda de emprego, pandemias e etc. A depressão aguda, nestes casos, está intimamente ligada a perda de objetos que foram eleitos pelo individuo, como supridores de segurança e reconhecimento. Nestas situações, há um empobrecimento nas suas relações quer em nível intrapsíquico, quer em relação ao mundo que o cerca, marcado por um sentimento de menos valia – é como se, momentaneamente, o individuo se tornasse vulnerável, frágil, parcialmente menos capaz, decorrente da inexistência do objeto eleito para fazê-lo feliz. Essa Terapia deve ser tratada através da psicoterapia com ênfase na individuação. Tipo 2 – Depressão Crônica (cultivada há anos) Decorrente da perda constante de energia emocional, utilizada pelo indivíduo para constrainvestir evitando o retorno de recalcado, roubando desse modo, parte dos investimentos que deveriam ser canalizados para os objetos em sua vida de relação. Assim, a causa deste tipo de depressão está fortemente associada ao alto nível de recalcamento ao longo de um tempo que, para ser mantido no inconsciente, exigirá constantes contrainvestimentos, produzindo a desarmonia da autoestima .A apatia é um traço marcante neste tipo de depressão: Falta vontade para quase tudo, pois não há energia intrapsíquica suficiente para ser direcionada para a vida na busca do prazer. A parte do recalcado contida pelos contrainvestimentos poderá produzir conversões e histerias pelas descargas orgânicas. Neste quadro depressivo reduz o interesse sexual por perda da sexual da libido que será usada para constrainvestir, impedindo o retorno do recalcado. A depressão crônica é bem mais trabalhosa no tratamento psicoterápico devido ao acúmulo de quantum de afeto que é normal nesses casos e que precisará ser devidamente identificado, ab-reagido e perlaborado. A individuação é fundamental para esse tratamento, exigindo que esse individuo perlabore as perdas, se perdoe, mudando o foco perceptivo em suas relações com os objetos. Nas depressões crônicas, muitas vezes o indivíduo se nega a se relacionar com o mundo (falar, comer, tomar banho, fazer sexo, trabalhar). Tipo 3 – A depressão associada a neurose A depressão está presente em quase todas as neuroses. A necessidade de evitar o retorno de recalcado é intensa, gerando contrainvestimentos do ego. Os contrainvestimentos utilizados utilizarão a energia disponível no ego, forçando o superego e deformar esses conteúdos, com o intuito de protegê-lo, ocorrendo as formações de sintomas neuróticos, obsessivos, compulsivos, fóbicos e etc. Essa perda de energia utilizada nos contrainvestimentos sempre produzirá uma queda na autoestima podendo até chegar a depressão. Os efeitos dessa depressão associados as neuroses são mais intensos e prolongados, marcados muitas vezes, por sentimentos de rancor, de culpa, de inferioridade, de rejeição e de auto piedade. A depressão em grau mais elevado é, de todos os sintomas associados as neuroses, o mais terrível, no tormentoso estado de melancolia que produz. Tipo 4 – Depressão Endógena (orgânica) Pode ser decorrente da desarmonia psíquica que ao longo d um tempo afetou a autoestima e consequentemente as sinapses neuronais. Também poderá ocorrer a depressão endógena como resposta aos efeitos dos remédios que alteraram a produção de serotonina no organismo, remédios para emagrecer, calmantes, ansiolíticos, ou seja, drogas depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC).