MASOQUISMO/SADISMO
MASOQUISMO:
MASOQUISMO − Inversão do sadismo contra o próprio indivíduo, geralmente ligados às culpas intensas não elaboradas − Na perversão o masoquismo (sexual) está ligado ao sofrimento físico infligido por outro ou por si mesmo, ou à humilhação a que o sujeito se submete pela submissão a outro. − Freud estende a noção de masoquismo para além da perversão descrita pelos sexólogos. Por um lado reconhecendo elementos dela em numerosos comportamentos sexuais e nos rudimentos na sexualidade infantil. − Por outro lado descreve as formas de masoquismo, particularmente o “masoquismo moral”, no qual o sujeito, em razão de um sentimento de culpa inconsciente, procura a posição de vítima sem que um prazer sexual esteja diretamente implicado no fato. (neurose de fracasso, reação terapeutica negativa).
FORMAS DE MASOQUISMO:
Submissão sexual extrema (masoquismo primário) − A submissão extrema ao outro que representa condições de gratificação sexual é perversão que ocorre frequentemente em mulheres e em homens, constituindo exagero intenso de certas características observadas no “namoro” ou na “paixão”, ou seja, no fato de que toda ênfase se desloca da existência do próprio indivíduo para a personalidade do parceiro. − O indivíduo vive para o parceiro, sentindo-se um nada e o parceiro, tudo; pronto a todo sacrifício por amor deste (e, particularmente, para o fim de despertar o interesse do mesmo).Apaixonar-se, enamorar-se, claro, não é perversão, contudo é perversão quando a única excitação possível acontece quando o indivíduo sente a sua própria insignificância ante a magnificência do parceiro
.A submissão sexual extrema é estado de transição entre o namoro e o masoquismo com o gozo da própria insignificância. − O sentimento “sou pequeno, meu amado é grande”, antes de qualquer coisa, certamente é reminiscência inconsciente de um tempo em que isso era literalmente verdade, quer dizer, aquele tempo em que o paciente era criança e estava apaixonado por um adulto. − A “submissão insinua a fixação no Édipo e alguns dentre os seus traços são frequentes nos histéricos em geral”. − Por vezes a submissão sexual extrema vai a ponto de formar uma espécie de perversão (masoquismo sexual ou sadomasoquismo), refletindo o amor da criança pelos pais quanto, em particular, um dos aspectos deste amor. − A paixão se caracteriza por um sentimento que assume o seguinte significado: “Somos um só; mas o parceiro é a metade mais importante”.
− Supervalorizar o parceiro sexual simultaneamente significa: “Estou participando da grandeza do meu parceiro”. Neste sentido, toda paixão é uma “gratificação narcísica”, recuperação da onipotência perdida e projetada no outro. − De maneira mais exagerada, o mesmo sentimento de submissão ocorre em pessoas que supervalorizam os seus parceiros sem que, entretanto, tenham amor ou interesse pela personalidade real deles. − São pessoas capazes de desenvolverem a mesma admiração por um objeto hoje, por outro amanhã; são pessoas que jamais se tornaram indivíduos por si mesmos completos; daí precisarem “participar” em união mais estreita da onipotência do outro a fim de poder sentir a sua própria existência; são as pessoas oralmente fixadas e abandônicas, que estão sempre precisando ter prova de serem amadas, sem nunca amarem verdadeiramente.
. Masoquismo moral (masoquismo primário) − Em princípio não é de origem sexual e é sempre ligado ao objeto da figura amada e é fácil de ser percebido, pois busca o sofrimento mental e não físico através de outra pessoa, devido a uma necessidade de punição recalcada pelo sentimento de culpa (ação punitiva de um superego tirano). Exemplos: Vitimização em relação ao objeto amado, fixação no luto, neurose de fracasso (não se permite ser feliz); reação terapêutica negativa (não se permite ser curado pela culpa recalcada).
. Masoquismo erógeno (masoquismo primário) − Tende-se a designar por “masoquismo erógeno” a perversão sexual masoquista. Embora essa denominação possa parecer legítima (pois o perverso erógeno procura a excitação erótica na dor que lhe é infligida por outrem (no homem por mulher, na mulher por homem)). − Para Freud, não se trata de uma forma do masoquismo independente, mas de uma condição que está na base da perversão, ou seja, uma ligação incestuosa que lhe produziu uma culpa intensa na infância e que nunca foi elaborada e que exige punição.
. Masoquismo feminino (primário) como uma expressão do masoquismo erógeno − Por masoquismo feminino somos evidentemente tentados a entender “masoquismo da mulher” nas fantasias de ser dominada pelo homem amado. É certo que Freud designou por estes termos a “expressão da essência feminina” no homem e na própria mulher. − Na mulher confunde-se com a submissão sexual extrema. − No quadro da teoria da bissexualidade masculina, o masoquismo feminino é uma possibilidade de todo homem (submissão, ser penetrado e sofrer coito imposto por outro homem). − Mais ainda, é sob essa denominação que Freud descreve no homem aquilo que consiste a própria essência da perversão masoquista: “Se tivermos ocasião de estudar casos em que fantasias masoquistas tenham sido elaboradas de uma forma particularmente rica, descobriremos facilmente que elas colocam o sujeito numa situação característica de submissão e de feminidade…”. Observação: No masoquismo erógeno e no feminino o homem escolhe como elemento sádico sempre uma mulher que irá lhe dominar e infligir sofrimento, seviciá-lo fisicamente e obrigá-lo a ser penetrado por outro homem. Já na mulher no masoquismo erógeno e no feminino o agente sádico é sempre uma figura masculina.
SADISMO:
SADISMO SEXUAL − Perversão sexual em que a satisfação está ligada ao sofrimento ou à humilhação infligida a outrem. − A psicanálise estende a noção de sadismo para além da perversão descrita pelos sexólogos, reconhecendo-lhe numerosas manifestações mais encobertas, particularmente infantis, e fazendo dele um dos componentes fundamentais da vida pulsional. − No entanto, às vezes chama de sadismo, de uma forma menos rigorosa, ao exercício desta violência, fora de qualquer satisfação sexual, pulsão de dominação e agressividade. − Esta acepção de sadismo, que, como próprio Freud sublinhou não era absolutamente rigorosa, tomou grande extensão em psicanálise, o que levaria, erradamente, ao tomar o termo “sadismo” como sinônimo de agressividade. Este usou do termo e é particularmente nítido nos escritos de Melanie Klein e da sua escola. − Acreditamos que o sadismo hoje deve ser considerado num sentido mais amplo que apenas o sexual. − É muito comum o sadismo na criança em relação a outras crianças e até com animais, devido à introjeção que está fazendo dos modelos de onipotência no desenvolvimento da sua autoestima, principalmente na formação do ego ideal.
− Nesta fase do desenvolvimento infantil a ação da censura (superego) é ainda insipiente nas relações não sexuais devido à inexistência de valores que o coíbam (ideal de ego), fato este que não ocorre na relação com o Édipo, em função da interdição parental. − Pode-se inferir que o sadismo está ligado a impulsos (pulsões), primitivos de dominação e agressividade, de um indivíduo na fase adulta contra objetos que não poderiam lhe causar algum dano. − O que leva o impulso sádico a romper na fase adulta é a não existência de ameaça do objeto agora escolhido, como alvo de prazer, permitindo a liberação regredida do desejo sádico infantil recalcado. − Assim, aquelas pessoas que estão necessitando de provisões narcísicas (autoestima) tendem, quando frustradas, a reagir com sadismo intenso caso não se sintam ameaçadas. − Há condições em que esta tendência sádica pode até culminar em ato que nega o medo em relação às situações de conflito que produzem e pela força, tentam obrigar o outro amá-lo; o amor que buscam é primitivo, significando este amor, uma necessidade decorrente de “provisão narcísica”. Os impulsos sádicos ligados à sexualidade não se limitam, a desejos que se originem de certa zona erógena específica. Há sadismo relacionado com o erotismo muscular; há sadismo cutâneo, que dá origem ao prazer sexual do espancamento; há sadismo anal; há sadismo oral, cujos traços Abraham e Van Ophuijsen mostraram que os objetivos sexuais podem originar-se nas tendências destrutivas do período oral. E há também sadismo fálico. PRINC