A Conexão Interna
Perseverar é muito mais que insistir. É escutar, com coragem, a voz silenciosa que ecoa dentro de nós.
É a consciência se voltando para dentro, lançando luz onde antes havia sombra.
Na psicanálise, aprendemos que a resistência habita no inconsciente — naquilo que queremos evitar, adiar, esquecer. A procrastinação, a preguiça, o medo do fracasso ou do julgamento: todos esses fantasmas têm raízes profundas, muitas vezes cravadas na infância, nas primeiras feridas não elaboradas.
Mas quando olhamos para dentro com honestidade, sem máscaras, algo se transforma. Perseverar, nesse sentido, é um ato de reintegração. É o eu consciente descendo ao porão da alma, iluminando os porquês que nos boicotam. É recusar o autoabandono.
Quem persevera enfrenta. E enfrentar, nesse nível, é um retorno à própria essência.
É sair do automatismo, romper com o ciclo repetitivo de sabotagens emocionais e criar novas trilhas neurais, simbólicas, afetivas. Perseverar é fazer as pazes com o que fomos, para sustentar o que podemos ser.
Não se trata de motivação vazia ou força artificial, mas de verdade interna. Uma verdade que, quando tocada, move. Move porque já não há mais por que fugir. A fuga custa caro: adoece, fragmenta, paralisa.
A perseverança é o oposto da negação. Ela integra. Une partes exiladas da psique.
Ela é o grito silencioso do inconsciente dizendo: “Se você não me ouvir, eu te saboto”.
Por isso, persevere.
Não para vencer o mundo. Mas para não se perder de si.
Porque no fim, o maior ato de coragem é continuar. Mesmo com medo. Mesmo ferido.
Continuar… mesmo quando ninguém está vendo.